quinta-feira, 11 de março de 2010

Em defesa de Marilyn





É o fim do tabu. Concedo. Mas em defesa de Marilyn, tenho que dar algumas justificações.
Se considerarmos que a idade da razão começa aos quinze, constato que passei exactamente metade da minha vida racional morena e outra metade loura. Por esta ordem. O que é não é uma informação despicienda. Se estivesse morena talvez não precisasse de ler o post da Medusa para retirar tantas conclusões e tão importantes.
O mundo muda a partir do instante em que se enlourece.
O preto e os vários tons de cinza não caem tão bem a uma loura como o vermelho e o rosa pastilha elástica. O cabelo louro não pede pérolas, grita por diamantes.
Um dia decidimos ficar louras e no dia seguinte as nossas roupas não nos servem, as mamas crescem, as ancas insistem em tornar-se demasiado evidentes.
Vivi anos como morena tranquila e marquei corações de bons rapazes com intenções sérias. Mas por alguma misteriosa razão nunca me diverti tanto como depois de assumir o papel de loura rapioqueira.
E não é exactamente verdade que eles não prefiram uma loura com stilletos e espartilho dois números abaixo a uma morena inteligentemente vestida. O problema é que o universo masculino compõe-se de vários géneros de eles.
Foi por causa das aspirações estatutárias de um d´eles que me vi obrigada a enlourecer. Uma morena nos sofás Philippe Starck destoaria como uma nódoa de romã.
O problema é que o homem que inspirou o platinado de Marilyn, não se sentou num baloiço à porta de casa, esperando cinquenta anos para envelhecer com ela.
Não sei se são eles que preferem Bacall ou se somos nós, mulheres distintas ou senhoras elegantes, que preferimos aqueles de entre eles que preferem Bacall.


Pelo sim, pelo não, amanhã volto a ser morena.

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