segunda-feira, 26 de abril de 2010

Provavelmente nunca *** Adoro-te Cuca.



Talvez um dia eu deixe de me importar se o leite aparece aberto fora do picotado. E passe a deixar a roupa pelo chão. E me esqueça de pendurar a toalha molhada do banho. E consiga deitar-me numa cama por fazer. E não fique muito furiosa com o facto de levar o meu carro às revisões nas datas previstas nos livrinhos e isso não valer nada na altura da venda. E me deixe de dar uma aperto na garganta sempre que não carrego a bateria do telemóvel por inteiro. E não me importe de viver com a lâmpada da despensa fundida por semanas. E me esqueça de trancar as portas de casa. E consiga ler mais que um livro de cada vez. E os leia do fim para o início. Talvez um dia eu tenha um i-pod todo desorganizado e as minhas fotografias espalhadas por gavetas pela casa toda.
Talvez um dia eu aprenda pensar a minha vida como se vive uma aventura exótica. E me esqueça de a abrir sempre pelo sítio certo. E a torná-la descomprometida, leve, despreocupada e insegura.
Morar em mil sítios.
E passe a viver do fim para o princípio.
…Só que esse dia ainda não é hoje.

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