sábado, 15 de maio de 2010

Uma sensação ou um sentimento?




Enquanto dormias, Lisboa respirava.
O restaurante era quente e estava cheio. Os pratos eram muitos e a vodka era pura. Havia risos, filosofia fácil e lendas urbanas.
E, já na rua, havia pessoas com pressa de chegar a um local onde estariam mais pessoas. Talvez alheadas de si próprias. E depois havia frio e pernas estendidas em chaise longues a acompanhar mais vodkas. Com vista para a ponte feita de luzes de todas as cores.
E outros risos, filosofia fácil e mais lendas urbanas.
Alguém me estendeu um casaco contra o frio. E enquanto o vesti fiquei sentada a olhar para a ponte como se te procurasse no meio dela. Talvez alheada de mim própria. Perdida numa espécie de kitsch urbano que respirava enquanto tu dormias.
E depois veio a música. E os risos pareceram-me mais falsos, a filosofia demasiado evidente e as lendas urbanas histórias sem mística repetidas de boca em boca.
E de repente senti-me como se sentem as pessoas vestidas com um casaco emprestado. Desconfortável com a respiração de uma cidade. Por querer estar a dormir dentro de outra.


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