quarta-feira, 1 de setembro de 2010

O Tenebroso Regresso de Cuca II


“Qual é o problema?” Pergunta-me, ao telefone, a simpática senhora de um instituto público que se encarrega de resolver problemas.

O problema é que eu prefiro o pequeno-almoço em frente ao mar ao café miserável sacado na máquina da entrada que, ainda por cima, me queimou os dedos enquanto eu aguentei o minuto e meio que o elevador demorou a chegar ao meu piso.
O problema é que tive que ordenar uma revista a mim própria para me auto-apreender todos os enfeites com conchas, estrelas, fitas e fitinhas que não tivessem três marcas legais.
O problema é que apesar de gostar muito de parecer 14 centímetros mais alta, o que eu queria mesmo era continuar a usar havaianas, de preferência douradas e com os pés cheios de areia por baixo.
O problema é que o preto fica terrivelmente mal com o meu bronzeado e o mesmo se diga do meu habitual sorriso n.º 2, motivo pelo qual fui obrigada a substituir o preto pelo azul escuro e o sorriso n.º 2 por uma expressão imperturbável no limite do socialmente bem educado mas dois tons abaixo do simpático.
O problema é que tal como as bestas farejam as vítimas, as urgências, as desgraças, as tragédias a reclamar intervenção humana pronta, farejaram o meu regresso e decidiram suspender as suas férias para me atazanar o dia inteiro.
O problema é que para resolver essa panóplia de chatices góticas eu precisava de não me ter esquecido da password de acesso a um sistema informático que me permite assinar ordens.

E, por fim, o problema é que pressinto que nem este último problema a senhora do instituto público que se encarrega de resolver problemas vai ser capaz de solucionar.

2 comentários:

  1. A porcaria das passwords.
    Eu agora escreveo-as todas e quero lá saber se alguém as decobre. Que façam bom proveito. E se quiserem, façam também o meu trabalho administrativo-informático.

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  2. Não está mal visto, não. Pode ser que os usurpadores façam melhor do que eu!

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