sábado, 12 de março de 2011

carpinteiros de casas nas árvores

Era como se vivêssemos dentro de uma casa na árvore.
Especializámo-nos na arte da construção de um mundo imaginário que pudesse ser o eterno playground do outro. Os brinquedos eram sempre novos e brilhantes. A mesquinhez tinha sido erradicada. Todos nos ríamos muito. Não havia velhos nem doentes nem pobres. E as únicas crianças da casa éramos nós.
Mas um dia esqueceste-te do portão do jardim aberto. O teu desleixo fez entrar a realidade que submergiu o nosso reino de fantasia e me trepou pelos pés descalços. Até ao lábio inferior.
Não cheguei a deixar-me afogar. E se é verdade que perdi o meu lar, também é verdade que aquela nem sequer era uma casa a sério.
E sei isto tudo.
Só não me peçam que à realidade que me violou a consciência ainda entregue, de prémio, o meu apego ao sonho.

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