sexta-feira, 29 de julho de 2011

A décima quarta casa

Medusa não poderia ter descrito melhor aquilo que foi o espírito desta décima quarta casa plantada no espaço surrealista do tempo da não existência.
Um mundo encantado em que conviveram pacificamente príncipes, princesas, jograis, dragões, ogres, anões e duendes, osgas e grilos. E ainda algumas bruxas.
Tudo, no tempo em que os animais falavam.
Ontem o nevoeiro levou a melhor sobre o farol, apagou a planície e impôs sobre a noite uma cortina tão espessa que me obrigou a encontrar aos apalpões o caminho de casa.
Sei que são eles a lembrarem-me que está esgotada a moratória que me foi concedida no país das maravilhas. Os ecossistemas do fantástico convivem com os elementos alienígenas, mas apenas durante um período limitado. Depois, é preciso escolher-se entre a absorção e a expulsão.
Não pode ser de outra forma.
Alice terá de beber a mágica aguardente de medronho que lhe deram os velhos da praça, recuperar a sua estatura normal e sentar-se à mesa dos adultos a tempo do jantar de domingo.
Apesar de à entrada me terem avisado que nada poderia levar deste mundo, decidi quebrar a lei da intangibilidade. Passei cinco meses a aumentar os tecidos do coração. Para que nele caiba, escondida, a imensidão da planície.

1 comentário:

  1. desde o início do texto usa o tempo passado. mas porque...? quero ver isto tudo como um até logo.

    Alice-Cuca, esteja feliz por ter descoberto o que está no final do buraco - afinal, foi por acaso que nele caíu. sorte. tão rara... há quem passe uma vida toda sem encontrar o seu canto.

    pense nisso.

    e gostei. do minha querida Medusa. esse coração está meeeesmo mooooleeeeee... :)

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