quinta-feira, 25 de abril de 2013

Antes rica e com saúde do que pobrezinha e doente


A parte positiva de só ter problemas que não consigo resolver é que a impotência é libertadora.
E foi desonerada da obrigação de continuar às voltas com soluções inexistentes que fui festejar a liberdade para o lounge da praia. 
Deitei-me numa das caminhas fantásticas que eles lá têm e passei a manhã inteira a experimentar os sumos naturais da ementa. Nada como abraçar projectos ao alcance da minha capacidade de resolução.
Reparei então que Lisboa moveu-se para o sul e agora tenho o meu lounge infestado de turistas de fim de semana.
Em mim, o primeiro sinal de aculturação aos sítios faz-se pelo protestos contra a chegada de forasteiros. Costuma acontecer exatamente dois meses antes de ter que mudar de terra. 
Confere.
Estava deitado ao meu lado um interessante casal composto por um executivo com mais de cinquenta anos e uma miúda de vinte e cinco. Houve uma altura em que ele se debruçou sobre ela para lhe explicar que a descida da taxa de juro faria aumentar o emprego. Ainda tive esperança que ela lhe dissesse para se desviar por lhe estar a tapar o sol. Mas em vez disso ficou a repetir no ar a expressão "taxa de juro, taxa de juro, taxa de juro" como se estivesse a tentar decorar a lição de economia. Depois ela tirou a parte de cima do biquini e ele lá se calou com a taxa de juro e o emprego e perguntou-lhe se queria ir para o Lago de Como daqui a quinze dias. Percebi que, afinal, era ela o cérebro da relação.
Ocorreu-me que também eu deveria ir de férias para o Lago de Como. E dei por mim a repetir alto "Lago de Como, Lago de Como, Lago de Como" para tentar aprender a lição.

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