terça-feira, 27 de maio de 2014

Das penas

A pomba entregou a sua mensagem. 
Deixou-a cair quase aos meus pés, de tão perto que estávamos.
Foi a primeira da formação, porque, suponho, quem me conhece os hábitos saberá que sou melhor a chegar a horas do que a ficar até ao final.
Não faltou o nome de código, versão murmúrio, o gesto a condizer. 
A mão esquerda no coração, a cujas janelas se assoma a pomba que traz a mensagem. 
Foi perfeito e não serei ingrata.
Reconheço o valor do empenho nos bastidores de tão formidável encenação. 
Um telefonema? Dez telefonemas?  
Acho que noutros tempos teria desmaiado de emoção.
Mas os tempos são estes. Tornei-me uma pessoa de gostos simples.
A verdade desnuda do silêncio não se cobre no veludo das cortinas de opereta.








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