quinta-feira, 3 de julho de 2014

Teatros



Neste teatro, que é de sombras e é mudo, redistribuíram-nos os papéis no final do primeiro acto.
Saiu-te nas sortes chinesas a figura do vilão e a mim o da tua mocinha. 
Também podia ter sido ao contrário sem que o sol se perturbasse no seu trajeto do nascente ao ocaso ou qualquer outra estrela se movesse no firmamento de uma forma perceptível ao olho nu do pescador que sabe que amanhã a preia mar será às cinco e quarenta e oito. 

Perdoar-te com sinceridade devota é um texto que decoro e recito para dentro. Fazeres a vida na sombra da indiferença ao meu perdão é um gesto que repetes dentro das linhas de marcação do palco.

E ambos sabemos que depois do cair da cortina, 
apenas o som da madeira de duas marionetas, estragadas, de encontro ao chão cansado. 
E as sórdidas palmas de uma plateia néscia,
do amor.

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