segunda-feira, 4 de maio de 2015

Ambas as fontes, a da sombra e a da luz

Como pode uma parte do mundo separar-se do mundo?
Como pode o molhado separar-se da água?

Não tentes apagar o fogo alimentando-o com mais fogo. Não laves a ferida com sangue.

Por mais depressa que corras, a tua sombra mantém-se. Às vezes, corre à tua frente.

Só o sol do meio dia te diminui a sombra.
Mas essa sombra tem-te servido. 

O que te magoa, abençoa-te. A escuridão é a tua vela. As tuas amarras são a tua viagem.

Poderia explicar-to mas partiria o revestimento de vidro do teu coração, e não há como reconstruir isso.

Deves ter ambas as fontes, a da sombra e a da luz.
Ouve, e deita a tua cabeça debaixo da árvore do deslumbre. 

Quando dessa árvore em ti germinarem penas e asas, fica mais quieto do que uma pomba. Não abras, sequer, a tua boa para um murmúrio. 

Versão de Cuca, a Pirata, a partir da tradução para inglês do original de Jalal ad-Din Muahammad Rumi

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