segunda-feira, 11 de maio de 2015

Eva

A lua soltou-se na noite passada. Escorregou e desapareceu do cenário. Uma terrível perda; parte-se-me o coração só de pensar nisso. Não há outra coisa entre os ornamentos e a decoração que seja comprável à sua beleza e acabamentos. Deveria ter sido melhor presa ao céu. Se ao menos a conseguíssemos recuperar...
Mas claro que não há como saber para onde foi. Além do mais, quem quer que a tenha esconde-la-á. Sei-o porque era o que eu própria faria. Acredito que consigo ser honesta noutras coais, mas já comecei a compreender que o coração e centro da minha natureza é o amor pela beleza, a paixão pelo belo, e que não seria seguro confiar em mim com uma lua que pertencesse a outra pessoa se essa pessoa não soubesse que eu a tinha. Poderia abdicar de uma lua que encontrasse durante o dia, porque teria medo que alguém estivesse a olhar; mas se a encontrasse no escuro, tenho a certeza que arranjaria uma qualquer desculpa para não dizer nada a ninguém sobre esse assunto. É que eu adoro luas, acho-as lindas e românticas. Desejava que tivéssemos cinco ou seis; nunca haveria de ir para a cama; não me cansaria de ficar deitada nas dunas de musgo a olhar para elas.

Twain, Mark. “Eve's Diary, Complete.”, versão de Cuca, a Pirata.

2 comentários:

  1. Quando a minha filha era pequenina adorava a lua. Tudo o que fazia levava luas, camisolas com luas, bonecos com luas, desenhos com luas, e assim que via a lua punha-se com o dedinho a apontar. Mamã a coisa que mais gosto é a lua. Julgo que se apanhasse faria como tu. Guardava-a.

    ResponderEliminar
    Respostas
    1. Ê como diz a Eva, ainda não inventaram melhor ornamento.
      :)

      Eliminar