domingo, 6 de dezembro de 2015

Diário de Bordo

Dizem-me que a manhã em Lisboa foi de nevoeiro Londrino e que se respirava aquela modalidade de frio que faz com que, ao inspirar, sintamos cada um dos ossos. 
Aqui nas Caraíbas, por onde navegamos desde que renegámos o outono - que é apenas mais uma coisa que decidimos fazer de conta que não existe - as manhãs são sempre turquesa e o sol é tão garantido que já nem sequer pensamos nele.
Dezembro no mar das Caraíbas, em fuga da nostalgia das folhas caídas, cheira tanto a agosto que até ontem, quando começaram a chegar os primeiros postais, nenhum de nós se havia lembrado do Natal. 
Quanto a mim, não tenho saudades nenhumas da azáfama desesperada dos centros comerciais onde, massacrada pelas músicas tristes de Natal, mais propícias a despedidas fúnebres do que a festas de família (embora me tenham dito que, nalguns casos, os conceitos coincidem), uma multidão de seres miseravelmente individuais, se debate com o dilema de comprar objetos que pareçam valer mais do que o dinheiro que realmente custam. 
No entanto, diz-me a experiência dos natais passados que é inútil tentar convencer esta tripulação a não ir ao Natal.
Haveremos, pois, de montar as luzes compradas nos chineses, de instalar a estrela no mastro, de espalhar presépios pelos cantos e até, quem sabe, talvez tenhamos uma árvore.
Uma noite, na minha vida passada, enquanto várias pessoas discutiam o que fariam se ganhassem o Euromilhões, um dos presentes declarou que se lhe saísse o prémio iria à Lapónia dar uma paulada na cabeça do pai Natal e roubar todas as prendas das crianças. A declaração veio de um adulto a quem nunca foi diagnosticada psicopatia e pareceu-me séria. Era maio. Faltava-lhe até a atenuante da saturação natalícia.
Seja como for, esta velha história deu-me uma excelente ideia para as comemorações natalícias deste ano.
Iremos à Lapónia. Roubar os presentes de todas as crianças do mundo.

6 comentários:

  1. Respostas
    1. Mas é claro. Entre as Caraíbas e a Lapónia faremos um desvio para te ir apanhar. Já compraste o tapa-olhos?

      Eliminar
    2. é preciso? só levo os colants pra enfiar na cabeça...

      Eliminar
    3. Collants na cabeça?? Mas tu pensas que é passando incógnitos que semeamos o terror nos mares? Isto é tudo à cara descoberta. Se descontarmos as cicatrizes, tapa olhos, etc

      Eliminar
  2. Acho muito bem!
    E se houver por lá umas malas giras, manda para mim, que estou a precisar.

    ResponderEliminar
    Respostas
    1. Podem ter a Hello Kitty ou a Pucca, mas concerteza haverá qualquer coisa que te sirva. :)

      Eliminar