sábado, 27 de agosto de 2016

prazo de validade

Foram tantos os regressos e tantas as partidas que a bagagem minimizou-se ao que coubesse em duas mãos cheias. Agora estás na minha frente e tudo o que consigo pensar é como foi possivel esquecer-me que és tão alto. Espreitamo-nos no fundo dos olhos mas só vislumbramos o que já trazíamos dentro de nós. Entretanto, correu um rio inteiro e as margens alargaram-se ao limite do intangível. Ouço-te falar sobre o tom do meu cabelo com o olhar de quem conta estórias sobre reinos longínquos de gigantes e unicórnios alados. Comovo-me com o equívoco. Estendo um braço mas não toco coisa alguma. Não te digo que já não existimos. O regresso é breve, a partida longa e um dia acabaremos por morrer.
Até a verdade tem um prazo de validade.

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