quarta-feira, 21 de dezembro de 2016

Mercado de Natal

As avenidas estão cheias. Há sacos com laços coloridos pendurados em mangas de Vison. As montras exibem os objetos brilhantes que ainda há meia hora não sabíamos existir e sem os quais já não podemos viver. As luzes estão no ponto perfeito do espalhafato. Há mercados de Natal em várias esquinas e em todos cheira a chocolate e a fritos de Natal. É um cheiro feliz. 
É certo que no passeio da avenida, com a cabeça de encontro à calçada, jaz, não se percebe se vivo ou morto, um homem de meia idade, sapatos rotos e casaco esburacado. 
Mas estamos todos atrasados para o Natal e é até provável que o homem já ali esteja desde a Páscoa.

5 comentários:

  1. Nem precisa ser Natál, Capitã. Descer a Av. da Liberdade numa noite de inverno, deixa-nos deslumbrados com o brilho das montras e com um nó na garganta quando o olhar teima em se voltar para as arcadas...

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    1. Impressionou-me especialmente por estar no meio do passeio com a cara de encontro ao chão.

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    1. Está quase. Na noite de domingo já nenhum de nós será disfuncional.

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  3. Na noite de domingo esse e outros homens estarão ainda prostrados no chão frio das arcadas. Na manhã de segunda-feira não faltarão animais mortos a passearem-se às costas dos transeuntes.

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