quarta-feira, 8 de fevereiro de 2017

Breve memorando de inutilidades quotidianas

Acordei trinta segundos antes do despertador. Aluguei o cérebro durante as horas da manhã. Não me lembro o que sucedeu depois do almoço. Ouvi mentiras durante a segunda metade da tarde. Cortei no papel o terço médio do indicador. No regresso a casa Joe Dassin perguntou-me por que existiria se eu não existisse, pá. Comi sem culpa meio pacote de bolinhos de areia. 
Detesto os dias em que a poesia não me encontra. 

11 comentários:

  1. já levo tantos desses, que, parece-me, já nem a prosa quer nada comigo.

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    1. Hoje havia uma lua sobre o azul por cima de uma barra de nuvens cor de rosa. Mas nem isso foi suficiente para banir a esterilidade do quotiadiano. Raios!

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  2. anda uma tristeza peganhenta no ar.

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  3. Nunca mais vou ouvir "Et si tu n'existais pas" sem pensar em "pá". Agora fiquei a tautear "Ne me quites pas", em modo livre "Não me deixes, pá".
    E ainda dizes que a poesia não te encontra. Que faria.

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    1. Ne me quites, pá, é ainda melhor. Assim em jeito de oh pá não me quites que ainda me passo e contrato uns tipos para te partirem as pernas.

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  4. Que texto lindo!
    Se as inutilidades servem para escrever assim...continue!

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    1. Obrigada, acho eu. :)
      Tenho de aproveitar melhor as inutilidades.

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  5. Eu acho que um pacote de bolinhos de areia é coisa para uma pessoa se empanturrar de poesia.

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    1. Ainda há um resto no fundo. Talvez comendo-os consiga escrever qualquer coisa...
      :))

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  6. desconfio que andas a precisar de usar óculos... tu e mais umas quantas que aqui andam que nã estão a ver o potencial da coisa...

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